Domingo de Pentecostes, 28/05/2023 - Jo 7,37-39
● Espírito de unidade
Somos convidados ao louvor, à nobreza da filiação divina, ao canto novo dos que amam a Deus, às vitórias do nosso Deus, à unidade. Tudo isso é o reverso de Babel, cidade na qual o Senhor confundiu a linguagem para que o ser humano não se levantasse com soberba contra Deus e contra os demais seres humanos (Gn 11,1-9). Este relato bíblico parece-se àquele no qual Deus também proibira os seres humanos de entrarem no Jardim do Éden após o pecado original, para que assim não tivessem acesso à árvore da vida. Imagine só: se os nossos primeiros pais tivessem acesso à árvore da imortalidade, seriam eternamente pecadores. Para evitar este desastre, o bom Deus lhes vetou o caminho à árvore da vida a tal o momento no qual estariam preparados. De maneira semelhante, Deus também vetou aos seres humanos terem a mesma língua para que, desta feita, não se levantassem com a soberba de um poder mundial, mas, ao mesmo tempo, controlado por uma única torre alta. Alguém sempre quer um anel para dominar a todos e, desta feita, o poder mundial fica nas mãos de uns poucos, soberbamente.
O Salmo 32 diz que o Senhor desfaz os planos das nações e faz com que os seus projetos permaneçam. Desta maneira, aprendemos a ter confiança em Deus, em seu poder, em sua bondade. Ele vencerá. Se bem é certo que ele deixa aos seres humanos o exercício da própria liberdade, também é verdade que ele não pode ser vencido em seus caminhos de providência.
No dia de Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa, o Espírito Santo veio aos Apóstolos para que “rios de água viva” (Jo 7,38) jorrassem de seu interior. É por isto que Pentecostes é o reverso de Babel: as pessoas, purificadas pelo fogo do Espírito Santo, podem viver a unidade, o canto novo, a unidade, as vitórias do Senhor. Já não há perigo de soberbas e de domínios arbitrários. Por isso os dons do Espírito Santo são o temor de Deus, a piedade, a fortaleza, a inteligência, a ciência, o conselho e a sabedoria. Quem recebe esses dons, não domina despoticamente, mas serve desinteressadamente a todas as almas, para salvá-las. Para que o caminho da santidade ficasse ainda mais doce e mais agradável, o Espírito também nos concede os seus doze frutos: a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a longanimidade, a mansidão, a fé, a modéstia, a continência e a castidade. Que Babel de vaidades alguém construiria com esses frutos? Se Babel era o símbolo da divisão, para o bem do ser humano, Pentecostes é o símbolo da unidade, também para o bem do ser humano.
Pe. Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta
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