Sábado santa, 08/04/2023 - Mt 27,50-61
● O grande silêncio
Hoje é o dia do do grande silêncio porque o Rei dorme. Mas o seu dormir não é inatividade: a sua morte e descenso ao lugar dos mortos é a garantia do despertar de todos aqueles justos que estavam à espera do Cristo. Um autor de uma antiga homilia imagina a Jesus encontrando-se com Adão: “O Senhor entrou na região dos mortos com as armas vitoriosas da cruz. Adão, ao ver a Jesus Cristo, assombrado por tão grande acontecimento e dando-se golpes no peito, diz a todos: “o meu Senhor esteja convosco”. Cristo, respondendo, diz a Adão: “e com o teu espírito”. Depois, tomando-o pela mão, o levanta e diz: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, quem por tua causa fiz-me teu filho; por causa de ti, e por causa daqueles que nasceriam de ti é que eu digo, a todos aqueles que eram escravos, digo-o eu: levantai-vos!”
Sempre há esperança, ainda em meio ao silêncio imposto por forças hostis ao Evangelho: “levantai-vos!”, nos diz o Senhor. Há momentos nos quais também a Igreja parece estar calada. Como no caso do seu Senhor, o silêncio da Igreja não significa inatividade. A Igreja acompanha silenciosamente o agir de Cristo na região dos mortos, salvando os justos que ele mesmo fizera em Israel e em outros ambientes. Jesus veio para salvar-nos e está levando a termino essa obra. Hoje, no silêncio das nossas igrejas, das nossas residências, meditemos esse mistério de salvação silenciosa. Pensemos também no valor do silêncio para a nossa vida espiritual. Temos que sentir necessidade desse espaço, dessa solidão acompanhada pelo Senhor Jesus na qual podemos expor as necessidades do espírito. Na sociedade moderna, cheia de barulho, é muito importante que nós saibamos encontrar esses momentos de silêncio para falar mais sossegadamente com Deus.
Pe. Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta
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